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Quem Sou Eu: Fabrício Siqueira

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Nascido na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, no norte do estado do Rio de Janeiro. Biólogo, Astrônomo amador e autodidata em diversas áreas de conhecimento.

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25 de ago. de 2009

Influenza A (H1N1) e Gripe Suína

Nos últimos meses tivemos a oportunidade de presenciar o impacto causado nas populações devido ao surto de gripe suína provocado pelo vírus Influenza A (H1N1), com significativos números de casos e de mortes registradas. Através dessa postagem gostaria de falar um pouco mais sobre algumas peculiaridades do vírus H1N1, e sobre a gripe suína ressaltando também informações que julgo ser importantes sobre a transmissão e disseminassão da doença.


O Vírus Influenza A, é uma vírus de grande notoriedade em termos de saúde mundial, visto ser o responsável por várias pandemias no século passado . Assim não estamos lidando com um vírus novo, mas sim com uma VARIEDADE de um vírus já existente e que afetou também a população em outras épocas de nossa história. É importante entender o vírus, seus mecanismos de patogenicidade, de trasmissão, medidas preventivas e sobre o a sua terapêutica, para um melhor controle da enfermidade por ele causada.

O H1N1 pertence à família Orthomyxoviridae, e o "H" e o "N" de sua sigla significa Hemaglutinina e Neuraminidase respectivamente. Duas proteínas virais críticas na sua patogenia, sendo a primeira relacionada com o reconhecimento e invasão das células hospedeiras, e a segunda, com a liberação de novos vírus a partir de células infectadas. O vírus de origem suína vêem sendo detectado em diversos países, e sua disseminação resultando em um considerável número de infecções e, em controvérsias a respeito de sua taxa de mortalidade em relação aos surtos de gripe sazonal. Um Famoso e bem documentado exemplo de uma pandemia provocada pelo H1N1, foi a Gripe Espanhola de 1918, que matou cerca de 50 milhões de pessoas em todo mundo.

Com base em dados epidemiológicos, a doença respiratória provocada pelo vírus de origem suína tem início na cidade mexicana de La Gloria, Veracruz, em meados de Fevereiro de 2009. Em 21 de maio já haviam 41 países afetados, contando 11.034 casos, incluindo 85 mortes, com a maioria dos casos fora do México atribuída a pessoas que viajavam a partir deste país e que transmitiam o vírus para outras pessoas. A maior parte dos casos da doença era branda, sem a necessidade de internações. Mas as autoridades de saúde já se preparavam para uma potencial emergência de variantes do vírus nos meses que se seguiriam, visto corresponder ao inverno nos países do hemisfério sul. O H1N1 é um Vírus com a patogenicidade inferior ao vírus H5N1 (Causador da Gripe aviária). Sua proteína hemaglutinina exerce uma função crítica na sua patogenicidade, devido ao fato de ser responsável pela ligação do vírus com a célula hospedeira (em geral suas células hospedeiras fazem parte do epitélio da traquéia humana) e a sua subsequente invasão. Em seguida o vírus libera seu material genético (RNA) no citoplasma, que depois é transportado para o núcleo, onde ocorre a sua transcrição em RNA mensageiro que, no citoplasma, atua como um molde para síntese das proteínas virais precoces. As proteínas virais precoces são requeridas para a replicação do RNA viral e uma nova transcrição em RNA mensageiro (desta vez para a síntese de proteínas virais tardias), assim , elas ganham entrada no núcleo da célula. As proteínas tardias sintetizadas depois que o segundo RNA mensageiro chega ao citoplasma, facilitam a exportação dos novos RNAs virais a partir do núcleo. Assim novos vírus são montados e liberados da célula e prontos para invadirem novas células. O esquema do ciclo viral é mostrado na figura abaixo:





(principalmente pela internet)O vírus além de poder ser transmitido de suínos para humanos também pode ser disseminado pelos humanos entre si, o que acabou levando a uma preucupação a respeito de uma pandemia. A gripe suína fatalmente vitimou pessoas em diversos lugares do Brasil, porém vejo que muitas informações incorretas, exageradas e até mesmo brincadeiras de mal gosto visando aumentar o pânico da população foram divulgadas pelos nossos modernos meios de comunicação. Desfecho essa postagem com o texto do Dr. Nélio Artiles Freitas (infectologista e diretor da Faculdade de Medicina de Campos ), entitulado " A Epidemia da Desinformação":

"
Vivenciamos um momento de grande apreensão em nosso planeta. De repente uma nova doença vinda de porco ameaça a população mundial. Seria o anunciado fim dos tempos? Existe uma tendência dos humanos de sempre imaginar ou prever o pior em qualquer situação nova. Pra piorar o contexto do medo e da insegurança do novo, numerosos especialistas em especulação e oportunistas lançam toneladas de informações desencontradas e sem nenhum embasamento científico em todo tipo de mídia, principalmente na rede mundial da internet. Na verdade, esta não é uma doença nova. Hipócrates, o pai da Medicina, no século V antes de Cristo, relatou casos de uma doença respiratória que, em algumas semanas, matou muitas pessoas. O primeiro registro de pandemia de gripe ocorreu em 1889, com a morte de cerca de 300 mil pessoas.

Já em 1918 a grande pandemia da Gripe Espanhola infectou 50% da população mundial e vitimou mais de 40 milhões de pessoas, sendo que no Brasil cerca de 65% da população foi infectada com mais de 35 mil mortes registradas. Depois veio a gripe asiática e a de Hong Kong e, recentemente, a gripe aviária. Porém anualmente enfrentamos epidemias da gripe sazonal que sempre foram subnotificadas e principalmente pouco valorizadas. A mortalidade anual pela gripe sazonal atinge milhares de pessoas em todo o planeta principalmente entre idosos, crianças, portadores de doenças respiratórias, gestantes e outras condições que levam a uma baixa defesa imunológica, sendo que nunca foi motivo de mídia ou de preocupações. Mais recentemente, vários países instituíram a vacinação contra o vírus influenza com o intuito de reduzir os números de internações e mortes pela gripe entre idosos, o que demonstrou ser efetivo.

Mas o que tem de diferença real entre esta gripe suína, a gripe sazonal e as pandemias anteriores? Sabemos que é o mesmo vírus influenza, com diferenças apenas de algumas proteínas, mas com comportamentos semelhantes. As formas de transmissão, os sintomas e o grau de adoecimento são semelhantes. Mas algo tem nos chamado a atenção. A sua letalidade (mortalidade por grupos de pessoas com a doença) aparenta ser menor que todas as anteriores. Quando milhares de pessoas morreram ano passado (4 a 5 mil) pela gripe sazonal no Brasil, as atenções não estavam voltadas para o vírus influenza, mas este ano cada morte é alardeada de uma forma bem barulhenta. Em números absolutos, até 6 de agosto haviam sido registradas cerca de 1.500 mortes em todos os continentes. No Brasil, 384 segundo a última atualização.

Sinto-me na obrigação de chamar a sua atenção para o real posicionamento sobre esta gripe em nosso meio. O H1N1 irá continuar entre nós por muito tempo e não vão ser feriados escolares ou fugas da cidade que irão impedir que 30 a 40% de nossa população seja infectada, como nos conta seu perfil histórico. Outra informação importante é que mais de 95% das pessoas infectadas por este vírus irão melhorar espontaneamente, sem medicação, e os 5% restantes poderão complicar e deverão ser tratadas e acompanhadas pelos médicos. Em pandemias a faixa etária dos jovens é a mais acometida e por isto estamos vendo mais gestantes com formas graves, pois apresentam fatores de risco. Como então evitar pegar esta gripe? Primeiro saber que o vírus fica vivo por alguns dias em superfícies, assim como nas mãos das pessoas e em roupas. Logo, a higienização das mãos é, sem dúvida, a forma mais importante de prevenir esta doença. A transmissão respiratória só ocorre em contatos íntimos ou quando alguém, a um metro de distância de você, solta gotículas em tosses ou espirros. Então o uso de máscaras só tem valor para os profissionais de saúde que irão examinar estes pacientes. Ou nas próprias pessoas que estão tossindo que, por uma questão de cidadania, deveriam usar máscaras comuns (cirúrgicas) para não disseminar o vírus em superfícies. O vírus não pula, não voa e nem fica no ar em suspensão.

A principal forma de prevenir esta doença é lembrar que nossas mãos são os grandes disseminadores do vírus e não o ar. A gripe H1N1 predomina entre nós, pois representa 75% das gripes que nos rodeiam no momento, de acordo com o Ministério da Saúde. Logo, sem pânico, vamos enfrentá-la com sobriedade e responsabilidade. Qualquer gripe é perigosa (sempre foi) e temos que nos preparar para enfrentar esta e as outras que inevitavelmente aparecerão em nosso meio. Vamos viver uma vida responsável, cuidando de nossa saúde, do nosso corpo com uma boa alimentação, hidratação e uma regular atividade física aeróbica, associada ao reforço muscular e de alongamento. Se já está com gripe neste momento, não se assuste. Há 99% de chance de você melhorar sem nenhuma medicação.

Mas caso esteja se sentindo mal, principalmente com falta de ar, febre alta e tosse, procure seu médico e evite ir a um pronto-atendimento hospitalar, pois as informações acima poucas pessoas têm e lotam os hospitais desnecessariamente. O seu médico irá avaliar se precisa ou não de algum remédio. Precisamos voltar a nos preocupar com outras doenças que continuam a matar muito mais que a gripe como doenças cardiovasculares, acidentes de trânsito, neoplasias, desnutrição, diarréias em crianças, doenças pneumocócicas em crianças, entre muitas outras. Precisamos voltar a nos preocupar com a corrupção e a irresponsabilidade dos muitos governantes que comandam o destino deste país. Vamos nos cuidar, brasileiros.
"

Referências:

- Gabriele Neumann, Takeshi Noda & Yoshihiro Kawaoka. Emergence and pandemic potential of swine-origin H1N1 influenza virus. Nature 459, 931-939 (2009).

- Christophe Fraser, et al. Pandemic Potential of a Strain of
Influenza A (H1N1): Early Findings. Science 324, 1557-1561 (2009).

[ ]´s

2 comentários:

  1. achei tudo d+ super esplicativo e esclarecedor continuem asim!

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  2. susana

    gostei muito, está tudo muito claro. supriu as minhas espectativas.

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