" Duvidar de tudo ou crer em tudo. São duas soluções igualmente cômodas, que nos dispensam, ambas, de refletir." (Henri Poincaré)
A princípio, gostaria de dizer que respeito as crenças religiosas (ou não religiosas)das pessoas assim como também respeito a descrença daqueles, que por certas razões, preferem se denominar incrédulos em relação a questões religiosas. No entanto, embora eu possa concordar em partes com ambos os lados, muitas de minhas críticas e questionamentos costumam ter como alvo algumas atitudes e/ou argumentações de indivíduos de ambos os lados (sem generalizar, é claro). Mas quando digo "crítica à argumentações ou certas atitudes" não quer dizer que a minha crítica esteja sendo dirigida contra a pessoa, mas sim à algumas (ou muitas) de suas ARGUMENTAÇÕES e ATITUDES. Também, como um estudioso interessado nas questões que envolvem Ciência e Religiões, tenho profundas críticas e questionamentos em relação ao que é pregado nas religiões e nos preceitos da descrença.
Nasci em berço católico e passei praticamente toda a minha infância sob influências religiosas,voluntárias e involuntárias. Ainda novo comecei a ler e questionar trechos das escrituras sagradas, e com o tempo também questionava e criticava o que era pregado nas igrejas. Até me interessei em conhecer outras igrejas, como as Protestantes, por exemplo. Minhas dúvidas e criticas passaram a aumentar ainda mais e então resolvi me tornar uma pessoa sem religião e assim fiquei por muitos anos. Tempos depois conheci o Espiritismo e outras filosofias espiritualistas como o Budismo e Hinduísmo. Durante algum período me classifiquei como Espírita. Vivenciei e testemunhei (e eventualmente ainda vivencio e testemunho) acontecimentos que me dão todos os motivos do mundo para acreditar em muito do que é dito pela doutrina Espírita. Porém à minha tendêndencia a dúvidas e incertezas também falam muito alto. Assim embora tivesse passado tempos defendendo convicções, os constantes questionamentos sobre o Universo e a vida me levam sempre a atualizar as minhas posições.
Também participei de inúmeros debates sobre Teísmo X Ateísmo, e após muito conhecer sobre o ateísmo, concluí que a a posição ateísta não é compatível com a minha personalidade, pois para que eu aceitasse os fundamentos ateístas, também era preciso ter uma "fé" muito grande (digamos assim). A verdade é que ambas as posições têm as mesmas possibilidades de estarem equivocadas. Cheguei à conclusão de que as religiões, filosofias relacionadas, incredulidade e afins, podem ter muitos pontos onde posso concordar, do mesmo modo que posso discordar grosseiramente em outros.Também concluo que não é necessário ser adepto de religiões para se acreditar em algo. Nesse contexto decidi que uma posição mediana entre fé e descrença seria para mim o ideal.
Não nego que posso ter as minhas crenças pessoais (todas elas baseadas em POSSIBILIDADES, e não em convicções), porém me classifico como alguem independente de religiões que defende acima de tudo, o livre pensamento. Se acredito em Deus? Bom, não acredito na figura do Deus que durante muito tempo vêm sendo enfiado goela abaixo pelas tradições Judaico-cristã, principalmente no ocidente. Mas posso seguramente dizer que acredito na possibilidade de haver uma "força superior" inteligente e ao mesmo tempo impossível de ser definida, que seria a razão maior da existência do Universo e de todos os seres que nele habitam. Essa suposta "força superior" seria o que eu chamaria de Deus, em um conceito muito mais filosófico do que religioso (Embora também considero a possibilidade de não existir algo desse tipo e do Universo não ter razão nenhuma para ser o que é, afinal, não há como se provar questões dessa natureza).
O intrigante é que a idéia de um ente superior acompanha o homem desde os primórdios de sua existência. E mesmo entre os que não acreditam existem conceitos conflitantes a respeito de Deus. As igrejas, sinagogas ou mesquitas não inventaram Deus, muito pelo contrário, elas foram fundadas em cima de uma idéia que já existia, e, que ao longo da história foi manipulada de modo a satisfazer interesses de cada autoridade. Assim vergonhosos episódios de sangue derramado sucederam em nome da religião, como por exemplo, a "Santa inquisição", que além de usar métodos rígidos para impor a ortodoxia católica, condenavam pessoas acusadas de heresia à tortura e á morte. Um tipo movimento que levava pessoas como Heinrich Kreamer e James Sprenger ( dois inquisidores dominicanos) a publicarem um "manual de diagnóstico para bruxas", um livro chamado Malleus Maleficarum (O Martelo das Feiticeiras) "identificando supostas bruxas" e assim mulheres eram lançadas à fogueira. Outros exemplos mais recentes são os atentados terroristas e todas as ondas de violência, cometidos em nome do fundamentalismo Islâmico, que já tomaram conta das manchetes em jornais de todo o mundo.
As religiões têm as suas virtudes como também têm os as suas incoveniências e abusos. Apesar de todas as atrocidades que carregavam o seu nome, não podemos dizer que a religião em sí é a culpada, ou seja, a CAUSA dessas tragédias. A causa está na IGNORÂNCIA dos HOMENS. Se não houvessem religiões para justificarem seus terríveis atos, os homens muito provavelmente executariam os mesmos atos em nome de qualquer outra coisa.
Atualmente o tema Religião X Ciência é alvo de polêmicos debates. Crer ou não crer? Eis a questão. Ainda posso dizer que me interesso bastante pelo estudo de filosofias espiritualistas como o Budismo, Espiritismo ou Hinduísmo, Mas como já mencionei antes, ocupo a posição do meio. Em relação a Bíblia, eu a respeito como um livro histórico, mas para mim é um tipo de livro como qualquer outro, e não concordo com a grande maioria de seu conteúdo, devido a uma série de razões. O que não quer dizer que não haja algo de valor que nela possa ser encontrado.
Os motivos que levam uma pessoa a acreditar ou não em algo estão relacionados com a maneira pela qual cada um enxerga o mundo à sua volta e a vida, é uma questão de ponto de vista. Muitos dizem: " Só acredito em algo se o mesmo for provado", uma frase que eu considero incorreta. Ora, a partir do momento em que algo é COMPROVADO, não se acredita nesse algo e sim se ACEITA esse algo como sendo um fato. Neste contexto, não há mais a necessidade do verbo ACREDITAR, que ainda é mais compatível com coisas das quais não temos certezas . Assim, religiosos ou não, todos acreditamos em alguma coisa, mesmo que esta não seja ligada à religião.
Embora a ciência tenha derrubado um considerável número de crenças miraculosas, talvez os alicerces mais fortes da credulidade ( como por exemplo, a crença em Deus ou em vida após a morte, entre outras) sejam impossíveis de serem quebrados. Mas isso é algo que talvez apenas o tempo irá dizer. Talvez......
OBS: Estaremos posteriormente abordando questões mais específicas relacionadas a este tema.
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